A pandemia deixou o ato de administrar um condomínio ainda mais difícil para o síndico. Para se ter uma ideia, dados da Associação das Administradoras de Bens Imóveis e Condomínios (AABIC), apontam que entre março e agosto do ano passado, os condomínios registraram um aumento de 300% nas reclamações entre vizinhos.
Se antes lidar com moradores já era um desafio na gestão condominial, imagine agora com um crescimento tão exponencial nos registros de reclamações.
Uma outra pesquisa, desta vez da administradora Lello Condomínios, realizada em abril, confirma a problemática. Após levantamento com síndicos eles apontaram as ocorrências de barulhos e brigas entre condomínios como as mais recorrentes neste período pandêmico, mais especificamente, o relato foi de 43,2% dos entrevistados. 23,6% afirmaram ainda que o problema piorou em 2021.
Entre as principais dificuldades enfrentadas pelos síndicos a pesquisa destaca três principais. Vamos saber quais são elas e entender melhor porque elas têm dado tanta dor de cabeça aos síndicos.
Obras nas unidades
A pesquisa mostra que as obras nas unidades foram a recordista, com 23%, entre os problemas enfrentados pelos síndicos durante a pandemia.
A dica MyCond é que antes de iniciar uma obra, o morador verifique se o condomínio está permitindo a execução de reformas neste período pandêmico.
Mas aí você se pergunta, o síndico, ou a assembleia de condôminos, podem interferir na propriedade privada dos moradores e impedir a realização de obras durante a pandemia, para a preservação do sossego e da saúde dos moradores?
No entendimento de muitos especialistas a resposta é sim. Eles se amparam tanto no
Código Civil quanto na
Lei de Condomínios e Incorporações que conferem aos condôminos a possibilidade de, excepcionalmente, impedir ou restringir a realização de atividades que ameacem a saúde dos moradores ou que perturbem a paz ou sossego.
Desta forma, na situação atual, na qual as pessoas estão mais em casa trabalhando e estudando, uma simples reforma, não emergencial, pode atrapalhar muito o dia a dia de um vizinho.
Então para os condôminos desinformados, que resolvem colocar a mão na massa sem antes buscar as informações, uma simples obra pode reder multas e até impedimento de entrada, por exemplo, de materiais ou prestadores de serviço.
A informação e o bom senso sempre é a melhor saída para evitar problemas.
Conflitos entre vizinhos
22% dos síndicos colocaram os conflitos entre vizinhos com um dos grandes problemas durante a pandemia. Apesar de não ser papel do síndico fazer a gestão do relacionamento entre vizinhos, pelo menos não está escrito no Código Civil, ele acaba tendo que fazer esse papel, ou o clima ruim acaba afetando todo o condomínio.
Na opinião de especialistas os conflitos tem aumentando porque as pessoas tem ficado mais ansiosas, nervosas e intolerantes, um reflexo do isolamento social. Então as vezes aquele barulho que nem era tão percebido assim, porque a pessoa não estava em casa naquele horário, começa a incomodar.
Mas para problemas que não tem uma solução pré-definida legalmente, a orientações de especialista é que a solução seja construída em conjunto.
Utilização áreas comuns
O abre e fecha e a proibição das áreas comuns também estão dando o que falar durante a pandemia. Na pesquisa da Lello, 15% dos síndicos confirmaram a problemática.
Existem condôminos que insistem em desobedecer às regras e invadiram as áreas comuns interditadas. Ou frequentar, por exemplo, a academia ou piscina, sem fazer o agendamento. Problemas que o síndico precisa lidar e encontrar soluções.
Se isso acontece o condomínio pode notificar e se ocorrer novamente aplicar multas. Se essa definição estiver bem clara no protocolo estabelecimento pelo local, o risco de medidas judiciais cai de forma significativa.
Sendo assim, o primeiro passo do condomínio deve ser o de estabelecer as regras, bater o martelo na assembleia e por fim comunicar a todos.
Compreensão
Um dado interessante que a pesquisa ressaltou é que quando questionados sobre o que mais fez falta no período da pandemia para exercer o cargo, para 47% dos síndicos o destaque foi a ausência de compreensão dos moradores sobre as decisões para a segurança de todos no condomínio.
Se colocar no lugar do outro é uma ação importante para tudo que fazemos na vida. A pandemia não está sendo fácil pra ninguém, que o diga as famílias que estão se desfazendo e sofrendo com perdas. Então vamos nos cuidar, celebrar a vida e compreender o outro e a situação.